terça-feira, 4 de janeiro de 2011

White.

Muita luz, tudo branco...
Ela chega com uma mala na mão, no novo prédio em que iria morar. Procura onde estaria o elevador. Ao se aproximar deste, vê uma criança correndo em sua direção... um garotinho alegre e simpático de cabelos lisos e claros, que pára sua corrida bruscamente quando a vê e a reconhece. "Ele não sabia se podia falar com ela ou não." Sem jeito, a criança da um pequeno sorriso e diz oi. Ela responde meio sem jeito e sorrindo também, com uma sensação boa que é quebrada ao notar a presença do irmão mais velho do garotinho aparecendo atrás, e lançando-lhe um olhar de surpresa e raiva ao mesmo tempo.
- O que você tá fazendo aqui?! - pergunta ele de uma maneira meio grossa.
Ela se irrita. Ele poderia sentir a raiva que quizesse dela, mas não poderia tratá-la daquela forma.
- Estou na minha nova casa! E sabe, eu não tenho culpa se você também tá morando aqui, eu não sabia! Então não me enxa! - responde ela ainda mais irritada, entrando no elevador sozinha.
Segundo andar.
Ela entra em seu novo apartamento. Vazio. O chão e as paredes eram de um branco impecável, e não havia nenhum móvel ou objeto sequer lá. A sala possuia uma "parede de vidro" voltada para o lado de fora, sendo completamente iluminada com a luz natural. Ela larga as malas no chão e troca de roupa para se sentir mais a vontade.
Minutos de descanso, ela resolve olhar os cômodos e dar uma volta pelo imenso local. Passa perto da parte de vidro, e percebe alguém lá embaixo, observando-a. Recua um pouco. Era ele. Isso a irrita e a agrada ao mesmo tempo. Mas irrita mais. Ela volta a passar pelo local como se não estivesse vendo... entra e se tranca no quarto. Um olhar triste é deixado lá embaixo.
Já é noite, batem sua porta. Ela sai do quarto e vai atender. Abre a porta e imediatamente ele entra... Quis perguntar "o que faz aqui?" mas uma sensação estranha a envolvia, e sua voz simplismente NÃO SAIA... ela não conseguia falar. Durante alguns minutos apenas se encararam... impacientes de alguma forma, ela recuando e ele avançando passos, lentamente. No meio da sala, deitaram-se. Não se tocavam, apenas estavam postos um ao lado do outro, um virado para o outro, no chão frio e vazio do lugar. Não pararam de se encarar um segundo.
Eles se olhavam e não pronunciavam uma palavra sequer, mas um magnetismo intenso e exageradamente forte colocava-lhes uma sensação nova e assustadora... apesar de calados, os dois estavam dizendo mil palavras um para o outro. Eram tantas, e todas ao mesmo tempo, que não conseguiram ao certo indentificar nenhuma, mas de alguma forma podiam saber que era boas, e compatíveis com as suas... com os seus sentimentos.
Tocaram suas mãos. Nesse momento, mais NADA existia... a sensação chegava ao extremo, existia apenas os dois, e luz. E não precisaram, nem nessa hora, dizer nenhuma palavra. Estava claro, eles se amavam. O que sentiam e toda aquela magia e sensação era simplismente o amor, aparecendo em forma de "sabeseláoque", porque é indescritível. Se os perguntassem o que sentiram no momento, só poderiam responder "amor"... ou "a melhor sensação de toda minha vida, infinitas vezes melhor do que o que eu considerava ser melhor antes"...
Não precisaram se beijar, se abraçar, se amar. Só deram as mãos, e apenas aquilo bastou. Apenas a presença um do outro bastava... o amor havia chegado ao ponto de que não era preciso mais nada para alimentá-lo. Ele existia de todas as formas possiveis, em todas as dimensões possiveis, de todas as maneiras possíveis. Era tudo, literalmente tudo no momento. Era verdadeiro.

Ela acordou sorrindo.